sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Dica de Saúde.

 
                                         Buriti
Palmeira de porte elegante com estipe ereto de até 35 m de altura. Folhas grandes, dispostas em leque. Flores em longos cachos de até 3 m de comprimento, de coloração amarelada, surgem de dezembro a abril.

Vistas ao longe, essas matas onde se destacam os buritis, são indício seguro de que por ali existe um curso d'água, descanso e alimento para o sertanejo e para o caboclo: terrenos de várzea e brejos, de solo fofo e úmido, recobertos por extensos buritizais escondem, por entre seus meandros, as águas correntes.

Por onde passam, são as águas que carregam e espalham as sementes da palmeira buriti.

Mais do que isso, nas regiões onde ocorre, o buriti é a planta mais importante entre todas as outras, de onde o homem local, herdeiro da sabedoria dos indígenas nativos, aprendeu a retirar parte essencial de seu sustento.

Os cachos carregados de frutos e as folhas de que necessita, são apanhados lá no alto, cortados no talo com facão bem afiado para não machucar a palmeira.

Dos frutos do buriti - um coquinho amarronzado que, quando jovem, possui duras escamas que vão escurecendo conforme amadurecem - aproveita-se a polpa amarelo-ouro. Para extraí-la é preciso, antes, amolecer aquelas escamas por imersão em água morna ou abafamento em folhas ou em sacos plásticos.

E é com ela que são preparados os doces e outros sub-produtos tradicionais. São eles.

O moreno doce caixinhas de delicada marcenaria, na confecção das quais não se utiliza outro material a não ser a própria madeira do buriti; afarinha de buriti, produzida a partir da parte interna do estipe da palmeira; as raspas de buriti, obtidas a partir da secagem ou desidratação ao sol da polpa do fruto raspada; a paçoca de buriti, quando se misturam, às raspas, um pouco de farinha de mandioca e de rapadura. Todos eles, alimentos resistentes ao tempo durante a estiagem, quando outros alimentos rareiam.

A polpa pode, também, ser congelada e conservada por mais de ano, sendo utilizada praticamente da mesma forma que a polpa fresca. Com ela produzem-se, hoje em dia, diferentes tipos de sorvetes, cremes, geléias, licores e vitaminas de sabores exóticos e alta concentração de vitamina C, invenções e descobertas modernas, muitas delas desenvolvidas nos centros de pesquisa da EMBRAPA.

O buriti, no entanto, não fornece alimento apenas ao homem.

Conta-se que, quando é safra de buriti, certos animais comem tanto e com tanta voracidade que se tornam pesados e fáceis de alcançar.

É o caso do porco-montado de Roraima, espécie de porco doméstico que vive no mato, que nessa época fica com as gorduras tingidas pela cor amarelo forte do buriti.

Mas o buriti é ainda muito mais do que puro alimento para homens e animais. De sua polpa, por exemplo, a população regional extrai um óleo de cor vermelho-sangüínea utilizado contra queimaduras, de efeito aliviador e cicatrizante. Esse mesmo óleo é comestível, apresentando altos teores de vitamina A. Também comestível e, dizem, saboroso, é o palmito extraído do broto terminal da planta.

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